eu
quisera murmurar baixinho
ao ouvido dos outros: eu não existo.
sou abstrato despido de véu.
sou o puro inconcêntrico da vida.
ouçam, eu lhes afirmo: não existo.
que se calem as taças refletidas,
que se quebrem os preconceitos hereditários,
que se faça o irreal.
parti. há muito tempo parti.
fui de campos a campos.
de terras a terras,
senti o escorrer sujo do suor no peito,
vi o sol, ímpio, castigar meu corpo,
vi a noite pura despir-me de seu sudário,
e nos escombros da madrugada
fitavam-me os olhos dos sem arestas, do negro.
ao ver-me tornou-se todo amor, me quis.
por isso ouçam baixinho:
eu não existo. sou negro.
ao ouvido dos outros: eu não existo.
sou abstrato despido de véu.
sou o puro inconcêntrico da vida.
ouçam, eu lhes afirmo: não existo.
que se calem as taças refletidas,
que se quebrem os preconceitos hereditários,
que se faça o irreal.
parti. há muito tempo parti.
fui de campos a campos.
de terras a terras,
senti o escorrer sujo do suor no peito,
vi o sol, ímpio, castigar meu corpo,
vi a noite pura despir-me de seu sudário,
e nos escombros da madrugada
fitavam-me os olhos dos sem arestas, do negro.
ao ver-me tornou-se todo amor, me quis.
por isso ouçam baixinho:
eu não existo. sou negro.
Gilson Froelich
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